Batom: o poder por trás da cor
- Mariah Bezz

- 3 de ago.
- 3 min de leitura
Cada item da maquiagem tem sua própria história — e o batom, claro, não ficaria de fora dessa jornada cheia de curiosidades.
O uso de pigmentos nos lábios é milenar. As primeiras evidências vêm da Mesopotâmia, por volta de 5.000 a.C., onde mulheres esmagavam pedras semipreciosas para colorir os lábios e os olhos. No Antigo Egito, Cleópatra ficou conhecida por suas misturas exóticas: uma combinação de carmim extraído de cochonilhas, cera de abelha e outros ingredientes naturais que resultava em um tom vermelho profundo, símbolo de realeza e sedução.
Uma curiosidade que você precisa saber:
A cochonilha é um inseto minúsculo (parece uma pulguinha branca ou avermelhada), que vive principalmente em cactos como o nopal, muito comum no México. Seu nome científico mais conhecido é Dactylopius coccus.
O segredo? Quando esmagado, esse inseto libera um pigmento vermelho intenso — o ácido carmínico, base para o corante natural chamado carmim. Esse pigmento ainda é usado em alguns cosméticos, batons, blushes e até alimentos (como iogurtes e balas vermelhas).
Apesar de natural, o carmim não é considerado vegano por envolver o uso de insetos — e por isso, muitas marcas hoje optam por pigmentos sintéticos ou vegetais.
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A chegada do batom moderno
O formato que conhecemos hoje — em bastão — só surgiu no fim do século XIX. Em 1884, a marca francesa Guerlain lançou um batom feito com cera de abelha, óleo de rícino e gordura de cervo, embrulhado em papel de seda. Um verdadeiro luxo da época.
Mas, inicialmente, o batom tinha um papel muito mais simbólico e social do que estético. Ele representava:
• Status e poder (em civilizações como a egípcia);
• Sedução e feminilidade (especialmente na Grécia e Roma);
• Mais tarde, revolução e liberdade feminina — principalmente no século XX.
Com o tempo, o batom se transformou em um símbolo de autoexpressão e confiança.
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Principais marcos da história do batom
• Século XIX: Ainda era tabu em muitos lugares, associado ao teatro ou à prostituição. Aos poucos, ganhou espaço na elite.
• 1915: O tubo giratório foi patenteado nos EUA — uma revolução! Tornou o batom mais prático e acessível.
• Anos 1920: Com o cinema mudo e as flappers, o batom escuro virou febre.
• Anos 1940: Mesmo com o racionamento da guerra, o batom foi incentivado para manter o “moral feminino”.
• Anos 60–80: Explosão de cores, texturas, embalagens modernas e o surgimento do batom matte e de longa duração.
• Hoje: Temos fórmulas veganas, hidratantes, com ativos de skincare, e até batons que mudam de cor conforme o pH da pele. Ele se tornou um verdadeiro símbolo de empoderamento e identidade.
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Curiosidades pouco conhecidas
• No século XVI, na Inglaterra, usar batom era quase considerado bruxaria. A Rainha Elizabeth I usava, mas o Parlamento chegou a associar o cosmético a práticas demoníacas!
• Antigos batons continham chumbo — e o uso frequente causava envenenamento. Só mais tarde o ingrediente foi proibido.
• Durante o movimento sufragista nos EUA, mulheres usavam batom vermelho como ato político: um símbolo de rebeldia e força.
• Na Segunda Guerra, o batom foi objeto de estudo científico para criar fórmulas resistentes à água e ao calor — pesquisas que depois inspiraram até produtos militares.
E hoje, o que o batom representa pra você?
Ao longo dos séculos, o batom acompanhou as transformações do mundo e das mulheres — atravessou impérios, tabus, guerras e movimentos.
Hoje, ele continua sendo muito mais do que um item de maquiagem: é escolha, identidade, humor do dia. É liberdade.
Seja qual for a sua cor, textura ou intenção, o batom segue sendo um pequeno gesto com grande impacto. E isso, por si só, já é pura beleza.


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